Divina de fátima dos Santos

Doutora em Psicologia Clínica

A arte de morar só e ser feliz na velhice

Divina Fátima Santos
Ana Maria R. Tomazzoni
Flamínia Manzano Moreira Lodovici
Suzana da A.Rocha Medeiros

Este estudo visa a analisar os motivos que levam uma pessoa a viver sozinha na terceira idade e o que ela pensa a respeito da ILPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos. Como uma das etapas da pesquisa, realizamos entrevistas com 15 pessoas idosas que vivem sozinhas, de ambos os sexos, com idades variando dos 60 aos 93 anos e diferentes graus de instrução, que vivem em São Paulo, Grande ABCD (SP) e em uma cidade de Santa Catarina. Nosso objetivo inicial foi tentar entender as razões pela opção solitária de moradia, uma vez que vem crescendo o número de pessoas idosas que vivem sozinhas, em parte devido à longevidade humana que ora se verifica. Trata-se de uma análise qualitativa efetuada a partir das respostas dos idosos entrevistados, obtidas no primeiro semestre de 2010. Verificou-se que morar só, no sentido de ter autonomia, independência, pode ser desejo de muitas pessoas como condição para ser feliz, embora se constate quase como uma impossibilidade para grande parte da população.

Velhice e Moradia

O Brasil, do mesmo modo que outros países desenvolvidos, já sabe que tem um novo desafio – a velhice – com as consequências que isso acarreta. Uma delas é a questão de onde morar. Até agora falávamos em convivência de três gerações; doravante teremos de inserir uma quarta geração, pela maior expectativa de vida apresentada pelas pessoas, conforme dados da OMS (Organização Mundial de Saúde). A estimativa da OMS é de que existam 670 milhões de homens e mulheres com mais de 60 anos no mundo. Em 2050, eles serão 1,97 bilhão, um crescimento de cerca de 200%.

A expectativa de vida da humanidade, que era de 50 anos em meados do século XX, saltou para 80 anos em 2010. No Brasil era de 43 anos em 1945, e hoje é de 73. O IBGE já projeta uma inversão no perfil demográfico do país, com mais idosos do que jovens, para logo mais, em 2030, ou seja, dentro de 20 anos.

Esses números dão uma clara dimensão da reflexão necessária e das medidas que têm de ser tomadas por governos, sociedades, empresas e pessoas, para que todos possam enfrentar na hora certa o que a nova realidade começa a impor.

Ao falar em velhice, faz-se necessário pensar de forma ampla e desse modo compreender o envelhecimento como fenômeno multifacetado e particularizado ao mesmo tempo, pois a velhice é constituída por características específicas (biológicas, sociais, psicológicas, históricas, culturais, de gênero) que formam um todo, o complexo ser idoso.

Essa complexidade, associada à diversidade desse ser idoso, revela comportamentos, ações e desejos únicos e heterogêneos, diretamente interligados na relação entre ser e ambiente e, nesse contexto, entre o idoso e sua moradia.

Vemos, portanto, que a relação entre o idoso e sua moradia representa a expressão de sua identidade, com as suas marcas significativas e pessoais, para a construção de seu meio de proteção e de bem-estar, um espaço próprio sob seu domínio e controle.

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Psicóloga Divina

Doutora em Psicologia Clínica

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