Divina de fátima dos Santos

Doutora em Psicologia Clínica

A escrita como possibilidade coeducativa: aproximando gerações

DIVINA F. SANTOS
NADIA D. R. SILVEIRA

Re s u m o

Este artigo é resultado de um estudo sobre o conteúdo de cartas, utilizadas como forma de comunicação entre idosos e crianças, com o objetivo de verificar o modo de interação vivenciado entre eles e identificar os significados desta vivência intergeracional. Trata-se de uma pesquisa qualitativa baseada nos dados coletados das cartas escritas nos anos de 2008 e 2009, por estudantes do curso da Educação de Jovens e Adultos (EJA), com idades variando entre 18 e 72 anos em fase de alfabetização, e pelas crianças do ensino regular com idades entre 8 e 10 anos de uma das unidades da rede Sesi-SP – Serviço Social da Indústria de São Paulo. Para este estudo foram selecionados seis alunos idosos da EJA, na condição de avós, e seus respectivos correspondentes, as crianças. A análise dos dados aponta que a troca de cartas promove a interação dos estudantes e favorece o processo de mudança de atitudes e de construção de valores éticos importantes na vida escolar, familiar e social, tanto dos idosos quanto das crianças participantes. Os resultados constatados indicam que essa vivência propicia ou facilita um convívio mais saudável entre diferentes gerações no âmbito da escola e em outros espaços sociais da vida cotidiana, frequentados tanto pelos idosos quanto pelas crianças.

Palavras-chave: relações intergeracionais; coeducação entre gerações; crianças e idosos – pesquisa – São Paulo/SP.

Este trabalho se originou de pesquisa realizada a partir da vivência de uma experiência pedagógica de troca de cartas entre alunos de uma das unidades escolares da rede do Serviço Social da Indústria de São Paulo (Sesi-SP), mais especificamente entre alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e crianças do ensino regular, o que resultou na dissertação de mestrado “Relações intergeracionais: palavras que estimulam”, apresentada na PUC-SP (SANTOS, 2010).

Embora se reconheça o uso de cartas como prática educacional de grande valor, o foco de interesse deste estudo se direcionou para a perspectiva intergeracional, com o objetivo de analisar as relações entre alunos de diferentes idades, as preocupações e expectativas que os cercam neste contexto, os resultados deste relacionamento como estimuladores à construção de uma convivência respeitosa, pautada em valores éticos e morais entre cidadãos de diferentes idades, resultados estes observados tanto na escolarização formal como no âmbito familiar e social de modo geral.

A aproximação de diferentes gerações, sobretudo entre jovens e idosos, pode promover e favorecer o crescimento emocional de ambos, enfraquecendo os preconceitos e estimulando o desejo de viver plenamente a vida cultural e social. A relevância dessa aproximação entre gerações tem implicações sociais e emocionais, que muitas vezes atuam como auxiliar para melhorar a autoestima (GOLDFARB e LOPES, 2006, p. 1.378).

A partir das reflexões apresentadas, e destacando o novo papel que se espera da escola na atualidade, torna-se perceptível o valor da vivência intergeracional, como no caso da experiência em pauta, que revela o significado da coeducação entre crianças e idosos, o que permitiu, por meio da realização de um processo diferenciado de comunicação por intermédio de cartas, desencadear novas formas de relacionamento e consciência em relação ao mundo em que vivem.

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Psicóloga Divina

Doutora em Psicologia Clínica

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