Este trabalho se originou de pesquisa realizada a partir da vivência de uma experiência pedagógica de troca de cartas entre alunos de uma das unidades escolares da rede do Serviço Social da Indústria de São Paulo (Sesi-SP), mais especificamente entre alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e crianças do ensino regular, o que resultou na dissertação de mestrado “Relações intergeracionais: palavras que estimulam”, apresentada na PUC-SP (SANTOS, 2010).
Embora se reconheça o uso de cartas como prática educacional de grande valor, o foco de interesse deste estudo se direcionou para a perspectiva intergeracional, com o objetivo de analisar as relações entre alunos de diferentes idades, as preocupações e expectativas que os cercam neste contexto, os resultados deste relacionamento como estimuladores à construção de uma convivência respeitosa, pautada em valores éticos e morais entre cidadãos de diferentes idades, resultados estes observados tanto na escolarização formal como no âmbito familiar e social de modo geral.
A aproximação de diferentes gerações, sobretudo entre jovens e idosos, pode promover e favorecer o crescimento emocional de ambos, enfraquecendo os preconceitos e estimulando o desejo de viver plenamente a vida cultural e social. A relevância dessa aproximação entre gerações tem implicações sociais e emocionais, que muitas vezes atuam como auxiliar para melhorar a autoestima (GOLDFARB e LOPES, 2006, p. 1.378).
A partir das reflexões apresentadas, e destacando o novo papel que se espera da escola na atualidade, torna-se perceptível o valor da vivência intergeracional, como no caso da experiência em pauta, que revela o significado da coeducação entre crianças e idosos, o que permitiu, por meio da realização de um processo diferenciado de comunicação por intermédio de cartas, desencadear novas formas de relacionamento e consciência em relação ao mundo em que vivem.