Divina de fátima dos Santos

Doutora em Psicologia Clínica

Seminário Encontro de Gerações - Sesc Pompéia

O relacionamento entre as gerações assumiu diferentes formas ao longo da história. Assim como as gerações são construídas socialmente e pautadas por normas e expectativas de conduta, também as relações entre elas são determinadas pelos valores culturais de cada época. Em certas culturas, prevaleceram esquemas de solidariedade entre jovens e velhos, em outras a competição apareceu com maior freqüência.

A família foi e prossegue sendo o âmbito mais provável desse encontro. Mas, na sociedade contemporânea, observa-se um certo distanciamento intergeracional no núcleo familiar, traduzido por pouco diálogo entre pais e filhos e entre avós e netos. Os espaços públicos são também pouco compartilhados, aumentando a distância afetiva entre as faixas etárias. No entanto, a partir dos anos 90, em vários países, inclusive no Brasil, tem havido um aumento significativo de ações e programas intergeracionais promovidos por entidades públicas e privadas.
O Serviço Social do Comércio SESC SP há seis anos desenvolve o programa SESC Gerações, conjunto de atividades artísticas e de lazer que tem por objetivo a integração e a co-educação entre gerações.

Pensando numa integração entre as experiências do SESC e de outras entidades, tanto por iniciativa de pesquisadores e especialistas quanto de voluntários, o SESC-SP promoveu o Seminário Encontro de Gerações, no qual todos os presentes puderam trocar suas experiências, enriquecendo-se mutuamente com os relatos, simpósios, pôsteres, estudos de casos e atividades artísticas culturais apresentadas durante o evento. O seu principal objetivo foi estimular o convívio saudável entre as gerações, como afirma a proposta da ONU (Organização das Nações Unidas): “UMA SOCIEDADE PARA TODAS AS IDADES”.

Vários países marcaram presença no encontro como: Brasil, Espanha, Peru, Argentina, México e Estados Unidos. Grandes exemplos intergeracionais promovidos nas diferentes unidades do SESC serviram também de inspiração para o evento. Assim, tivemos a oportunidade de conhecer os trabalhos realizados por meio de diferentes estratégias, tais como: arte, literatura, música, teatro, cinema, cultura, educação, arquitetura, saúde, faculdade aberta à terceira idade e diferentes cursos acadêmicos.

A abertura contou com a Dra. Sally Newman dos Estados Unidos que, proferiu uma palestra sobre diferentes trabalhos na área, realizados em seu país ao longo dos últimos 30 anos. Segundo ela existe nos EUA grande estímulo para que, ao longo de suas vidas, as pessoas desenvolvam algum tipo de trabalho voluntário e isso geralmente é realizado por boa parte dos norte-americanos: trata-se de uma atividade muito comum e reconhecida entre os cidadãos. Ela também apresentou um vídeo com alguns exemplos intergeracionais realizados por jovens e idosos e esclareceu que esses encontros em geral são bastante enriquecedores tanto para aqueles que prestam o serviço quanto para aqueles que recebem, afirmando que os reflexos são sentidos por toda a sociedade e são estimulados socialmente.

O professor Mariano Martinez da Espanha levantou os ânimos do público presente com muita criatividade e espontaneidade, trazendo inúmeros dados de como ocorrem os encontros intergeracionais na Europa e fornecendo várias informações a respeito. Ele também alertou o público sobre a necessidade de se fazer trabalho em equipe com parcerias e salientou a necessidade de fortalecimento profissional nesta área.

Na manhã seguinte tivemos uma conferência bastante produtiva com a presença do médico geriatra Santiago Pszemiarower (Argentina), do também médico e educador Rafael Chura (Peru), da demógrafa Liliana Rodriguez (México) e do Psicólogo e referência brasileira na área da GerontologiaJosé Ferrigno (Brasil). Cada um expôs como ocorrem os trabalhos sobre envelhecimento e encontros de gerações nos seus respectivos países. Inclusive Ferrigno destacou o pioneirismo da professora Suzana Medeiros quanto à implantação de estudos e pesquisas na área do envelhecimento humano.

O programa de Gerontologia da PUC e a Universidade Aberta da Terceira Idade, marcaram forte presença no evento e, contou com inúmeros profissionais em diferentes mesas. A Profa. Elizabeth Mercadante coordenou os trabalhos apresentados nas duas tardes do evento e que apresentaram relatos de experiências.

O público pode conhecer os mais variados exemplos de trabalhos práticos todos muito enriquecedores e esclarecedores e que trouxeram verdadeiros exemplos de cidadania, de coragem e de muita luta. Entre eles, tivemos exemplos de grande destaque relatados pelos profissionais no próprio SESC de diferentes estados do Brasil.

As ex-alunas do programa em gerontologia Maria de Fátima Agostinho e Gisele Maria Schramm falaram sobre suas experiências profissionais que envolveram estudo das relações de avós e netos em conflito com a justiça e que se tornaram dissertações de mestrado. Todos os trabalhos merecem destaques, bem como revelaram forte dedicação e esperança sobre as relações familiares e pessoais.

Tivemos a oportunidade também acompanhar uma grande quantidade de trabalhos realizados em diferentes estados por profissionais que tiveram a oportunidade de relatar suas pesquisas aos presentes na forma oral ou de pôster. Nós da PUC novamente marcamos presença. Divina de Fátima dos Santos apresentou uma comunicação oral sobre o tema “Relações Intergeracionais: compartilhando palavras escritas” e Ana Tomazoni apresentou um pôster sobre o tema “Uma vivência interdisciplinar na educação dos Sentidos”; porém, vale destacar que foram inúmeras as apresentações e todas foram muito envolventes e motivadoras.

Mas não foi só isso! Tivemos um grande encerramento com as belas e objetivas palavras proferidas por Paulo de Salles Oliveira, autor de vários livros, entre eles “Vidas compartilhadas: cultura e co-educação entre gerações na vida cotidiana”. Com muita sabedoria e serenidade, encerrou o evento em grande estilo sem deixar de estimular a continuidade dos trabalhos de todos ali presente.

Para relaxar, ao longo do encontro, tivemos vários momentos de descontração recheados por músicas, poesias e danças.

Parabéns a toda equipe do SESC e organizadores do Seminário e em especial ao Professor Ferrigno, grande anfitrião que não escondeu sua alegria pela realização e sucesso deste maravilhoso encontro que certamente deixou muitas sementes que germinarão em outras regiões por meio dos participantes deste encontro.


Todos os presentes ao final do encontro sentiram-se renovados e fortalecidos no sentido de continuar seus trabalhos agora com novas idéias a partir das inúmeras sugestões e experiências ali apresentadas.

Psicóloga Divina

Doutora em Psicologia Clínica

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