Divina de fátima dos Santos

Doutora em Psicologia Clínica

Xadrez e Alfabetização – Uma Experiência com Crianças na Educação Básica

29/07/2008

Divina de Fátima dos Santos
Especialista em Psicopedagogia pela PUC-SP; mestranda em Gerontologia pela PUC-SP e professora do SESI-SP

Maria Anita Viviani Martins
Doutora em Educação pela PUC-SP e professora da PUC-SP

Ricardo Roberto Plaza Teixeira
Doutor em Ciências pela USP e Professor da PUC-SP e do CEFET-SP

Introdução

Tanto a LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional quanto os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais ressaltam, de diferentes formas, a importância de estratégias interdisciplinares no ensino em geral e, de forma específica, na educação básica. Avaliações educacionais como o SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) apontam para as deficiências na educação matemática, bem como para a baixa compreensão e interpretação de textos simples, das crianças e dos adolescentes no Brasil.

Muitas experiências em diferentes contextos apresentam o jogo de xadrez como uma ferramenta pedagógica interdisciplinar poderosa para a superação de dificuldades no processo de ensino e aprendizagem. Em alguns países da Europa, sobretudo no leste europeu, o xadrez é introduzido desde a educação infantil até o ensino médio e é preparatório para a universidade. Na França e na Hungria, faz parte de toda grade curricular, respeitando-se as fases de desenvolvimento da criança. Em 1966, foi criada a Faculdade de Xadrez em Moscou: nesta instituição, após quatro anos de estudo, formam-se professores de xadrez. Na Rússia, celeiro de grandes enxadristas, o xadrez é utilizado até para treinamento de astronautas, bem como para o repouso do sistema nervoso das pessoas em geral.

No Brasil, o xadrez ainda é pouco jogado. Apesar de existirem tabuleiros vendidos por preços baixos em muitas lojas populares do país, o maior problema não é o seu custo e, sim, a falta de pessoas e professores que saibam jogar e que também possam transmitir seus conhecimentos e trabalhar com este jogo de forma pedagógica. Para isso, é preciso quebrar mitos, crenças e preconceitos, inclusive o de que ele esteja relacionado única e exclusivamente ao uso do pensamento lógico e de que somente pessoas muito inteligentes são capazes de jogá-lo.

Em seus estudos, Piaget (1978) mostrou-se favorável às ideias de uma escola mais ativa, que faça uso de atividades de interesse do aluno: só dessa forma as crianças tornam-se capazes de ir além dos seus limites. Assim sendo, aprender jogando provoca na criança uma maior concentração e um maior interesse pelos assuntos decorrentes do ou relacionados ao jogo, dando ao aprendiz uma maior capacidade de compreender e introjetar códigos complexos. Brincar e jogar é uma atividade excitante que consome espaço e tempo (WINNICOTT, 1975). Nesse sentido, brincar é um “fazer” intermediário entre o interno e o externo, já que se por um lado não é uma alucinação psíquica interna, por outro lado não se restringe a um objetivo exterior, estando a serviço do sonho e dos sentimentos.

Pode-se definir o jogo como uma atividade por meio da qual a criança constrói uma realidade por meio de regras que apontam para certas habilidades específicas; por outro lado, os brinquedos, mais associados ao universo infantil, estimulam de forma mais livre a expressão de imagens que evocam e substituem aspectos da realidade (BROUGÉRE, 1998; KISHIMOTO, 1999). Finalmente a brincadeira é a ação lúdica na sua plenitude.

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Psicóloga Divina

Doutora em Psicologia Clínica

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